Os senadores aprovaram, nesta terça-feira (13), o substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 319/2009,
do ex-deputado federal Tarcísio Zimmermann, que regulamenta a profissão
de motorista. O texto acatado é fruto de acordo firmado entre a
Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Transporte Terrestre (CNTTT).
Uma
das principais inovações contidas na proposta é a fixação da jornada de
trabalho da categoria. Por meio do acréscimo do capítulo III-A no
Código de Trânsito Brasileiro, o texto proíbe os motoristas
profissionais de dirigirem por mais de quatro horas ininterruptas,
devendo ser observado, após esse período de trabalho, um intervalo
mínimo de 30 minutos para descanso.
Em situações
excepcionais, contudo, fica permitida a prorrogação por até 1 hora do
tempo de direção, de modo a permitir ao condutor, o veículo e sua carga
chegar a lugar que ofereça segurança e atendimentos demandados. Além
disso, os condutores serão obrigados, dentro de um período de 24 horas, a
observar um intervalo mínimo de 11 horas de descanso, podendo esse
tempo ser fracionado em nove horas mais duas horas, no mesmo dia.
O
texto, que agora volta à Câmara dos Deputados, imputa aos empregadores,
sem ônus para os motoristas, as despesas com cursos exigidos pela
legislação e com um seguro obrigatório. O valor mínimo de tal seguro
deverá ser correspondente a dez vezes o piso salarial de sua categoria.
Com
relação ao projeto original, a redação aprovada no Senado suprimiu
dispositivos que instituíam um adicional de "penosidade" e o direito à
aposentadoria especial após 25 anos de exercício da profissão.
Respondendo
a questionamento do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) sobre essas
alterações, o relator, senador Paulo Paim (PT-RS), explicou que tais
benefícios deverão ser incluídos em projeto de lei de sua autoria que
cria o Estatuto do Motorista (PLS 271/2008).
Durante
a discussão da matéria, vários senadores destacaram sua importância
para aumentar o nível de segurança nas rodovias brasileiras. O senador
Blairo Maggi (PR-MT) considerou que as mudanças aprovadas pela Casa
deverão contribuir para a redução de acidentes nas estradas.
-
Eu acho que os nossos motoristas precisam ter o seu tempo de descanso,
porque o mesmo motorista que algum patrão exige que trabalhe um pouco a
mais poderá ser aquele que vai bater em um carro pilotado por nosso
filho e nos matar à frente - disse.
No mesmo
sentido, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) observou que não são
apenas os motoristas que se sujeitam a risco de vida em seu trabalho -
sobretudo por excesso em sua jornada -, mas também as pessoas que
trafegam junto com eles nas rodovias. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP)
afirmou que o projeto se reveste do mais alto interesse público por dar
maior segurança e maior qualidade ao trabalho dos motoristas, que são
obrigados a enfrentar condições de trabalho extremamente adversas nas
estradas brasileiras em péssimas condições.
Defenderam
ainda a aprovação do projeto os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO),
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Walter
Pinheiro (PT-BA), Sérgio Petecão (PMN-AC), Ivo Cassol (PP-RO), Inácio
Arruda (PCdoB-CE), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), Wellington Dias (PT-PI), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Acir Gurgacz
(PDT-RO), Jayme Campos (DEM-MT), Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Romero
Jucá (PMDB-RR).
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