“a
organização do balanço patrimonial, deve deixar de ser um documento
inexpressivo, para assumir o seu importante papel de orientador, como
complemento ilustrativo do próprio balanço financeiro.
Luiz Simões Lopes, Presidente do DASP, 1941”
Um
dos achados de pesquisa dos alunos do Curso de Mestrado em
Contabilidade da UERJ constitui precioso documento, publicado em 17 de
maio de 1941, em que o Dr. Luiz Simões Lopes, então Diretor do
Departamento Administrativo do Serviço Público, esclarece que a
organização do balanço patrimonial deve deixar de ser um documento
inexpressivo, para assumir seu importante papel de orientador, como
complemento ilustrativo do próprio balanço financeiro.
Pelo
documento conclui-se que o enfoque patrimonial da contabilidade deveria
ter sido implantado a partir de 1889, quando da Proclamação da
República, mas somente 119 anos (2008) depois é que o setor público
implantou o enfoque patrimonial pleno nos termos das Normas Brasileiras
de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.
Da
Exposição de Motivos, dirigida ao Presidente Vargas, retiramos algumas
passagens para mostrar que a preocupação patrimonial estava presente nas
discussões do Código de Contabilidade Pública de 1922.
“Em
contato diário com os órgãos do serviço público, este Departamento não
podia deixar de sentir as dificuldades que oferece a observância
rigorosa do Código de Contabilidade, que data de 1922, do seu
regulamento, expedido no mesmo ano, e das numerosas disposições esparsas
sobre contabilidade pública, contidas em muitas leis posteriores. Para
vencer tais dificuldades nem sempre são suficientes a capacidade e o
zelo dos funcionários, podendo, por isso, afirmar-se que a vigente
legislação sobre contabilidade pública, iniciada há quase 20 anos, num
regime político diferente do atual, encerra graves inconvenientes para o
serviço público, não atendendo às necessidades de sua evolução, do seu
desenvolvimento”.
“3.
Para redigir um ante-projeto de lei em que pudesse atingir esses
objetivos, este Departamento constituiu uma comissão, composta dos Srs.
João Ferreira de Morais Junior e Ubaldo Lobo; aquele, funcionário
aposentado do Ministério da Fazenda, contabilista, redator das
instruções de 191 para a escrituração por partidas dobradas nas
repartições federais e autor do atual Regulamento Geral de Contabilidade
Pública, e este, também funcionário aposentado do Ministério da Viação,
contabilista, antigo chefe de contabilidade da Estrada de Ferro Central
do Brasil, do Lloyd Brasileiro e da Contadoria Geral dos Transportes”
“10.
Na justificação, a Comissão advoga a substituição do Código de
Contabilidade e respectivo regulamento, bem como das leis posteriores
sobre contabilidade da União, por – uma lei única, que reúna, em linhas
gerais, tudo o que no momento for julgado útil ao serviço público, em
matéria de contabilidade. Deixando as minúcias para serem tratadas em
instruções do poder competente -.
O mais interessante na Exposição de Motivos é quando trata da Contabilidade Patrimonial que justifica da seguinte forma:
“20.
Tratando da contabilidade patrimonial (capítulo VI), o anteprojeto dá
aos inventários a necessária importância e oferece uma série de normas
para seguir de perto o movimento do material, uma vez que “as entradas e
salda, de material nos almoxarifados equivalem, afinal, às entradas e
saídas de dinheiro nas tesourarias.”
“27.
Foi estudada, ainda, a organização do balanço patrimonial, que deve
deixar de ser um documento inexpressivo, para assumir o seu importante
papel de orientador, como complemento ilustrativo do próprio balanço
financeiro”,
Comentário final:
O
que intriga o titular deste Blog é a ausência de mais pesquisas sobre o
contexto econômico e social da época e de estudos relacionados com a
evolução do pensamento contábil, das práticas, e instituições em
resposta à mudança das necessidades da sociedade e do meio ambiente.
Acreditamos
que o grande desafio dos profissionais de contabilidade do setor
público é a obtenção de respostas sobre a forma como os fenômenos
sociais interagiram com a contabilidade de 1.500.
Por outro lado, será muito interessante identificar que fatores sociais e políticos foram mobilizadores das mudanças contábeis.
Fonte: Blog Prof. Lino Martins da Silva
Fonte: Blog Prof. Lino Martins da Silva
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