Todo
dia assistimos noticias sobre fraudes, desvios e corrupção e à luta
inglória dos órgãos de controle correndo sempre atrás dos fatos
consumados para constatar sua ocorrência.
Infelizmente
os órgãos de controle não atuam de forma proativa e preventiva e,
quando se atrevem a atuar desta forma, são sempre considerados como “burocráticos”, “roda-presa”, “não cooperadores” com as “políticas e diretrizes, pelos governantes de plantão.
A
solução que alguns dirigentes dos órgãos de controle tem encontrado é
escolher um tema não polêmico como, por exemplo, a “Contabilidade como
instrumento de registro de fatos conhecidos” esquecendo convenientemente
da auditoria operacional ou de desempenho para não comprometer status ou posições, face a sua missão (da auditoria) de buscar sempre a verdade dos fatos que estejam além dos registros contábeis.
Na
área de Controles Internos podemos dizer que os que focam somente nos
registros contábeis são “os monotemáticos da administração” e os que se
dedicam à auditoria são “os multitematicos e multifuncionais da
administração” e, infelizmente, quando tal situação ocorre só são
valorizados no inicio das administrações.
Quando
o titular deste Blog atuava no Controle Interno implementou relatório
sobre economias geradas e gastos evitados em função da ação preventiva
do controle que denominávamos de “pré-auditoria”.
Este
relatório foi muito criticado por alguns sob a alegação de que a missão
e existência do controle interno são institucionais e, por isso, sua
atividade não devia ser mensurada por tal parâmetro pois isto poderia
levar à sua extinção a partir do momento em que não tivéssemos mais
“economias ou desvios” a evitar.
Este
comentário vem a propósito do artigo a seguir de autoria de Marcos Assi
e que deveria ser debatido por todos os que se dedicam seriamente à
melhoria do controle no setor público.
Controles de incidentes e ‘não‘ incidentes como demonstrar?
Marcos Assi (*)
Quando falamos de controles internos, compliance,
gestão de riscos e prevenção à fraudes, temos como premissas demonstrar
as falhas e damos muito foco nisso, mas quando os incidentes são
evitados, como demonstramos? Isso quando identificamos.
A resposta é simples: não apresentamos. Por exemplo, fazemos treinamentos da brigada de incêndio, criamos os brigadistas, fazemos reciclagem e quando ocorre um incêndio buscamos explicações para o fato e quando evitamos o “desastre”, quem notifica? Quem fica sabendo?
A resposta é simples: não apresentamos. Por exemplo, fazemos treinamentos da brigada de incêndio, criamos os brigadistas, fazemos reciclagem e quando ocorre um incêndio buscamos explicações para o fato e quando evitamos o “desastre”, quem notifica? Quem fica sabendo?
A
mesma coisa acontece com controles internos e em prevenção à fraude.
Temos relatórios de falhas e perdas, e também temos os Indicadores de
Chave de Risco – KRI (sigla em inglês de Key Risk Indicator) ou
Indicadores Chave de Desempenho – KPI (sigla em inglês de Key
Performance Indicator) muito utilizado em metodologias de avaliação de
riscos e compliance.
Mas, uma pergunta paira no ar, sobre quantos erros evitamos em nosso dia-a-dia de trabalho? Quantas vezes pedimos reprocessamento dos movimentos contábeis e financeiros por erros? Quantos documentos foram refeitos antes de aprovação superior por possuírem erros ou informações indevidas? Quantas tentativas de desvios e fraudes evitamos? Quantos “não” incidentes já foram evitados nos últimos 30 dias?
Mas, uma pergunta paira no ar, sobre quantos erros evitamos em nosso dia-a-dia de trabalho? Quantas vezes pedimos reprocessamento dos movimentos contábeis e financeiros por erros? Quantos documentos foram refeitos antes de aprovação superior por possuírem erros ou informações indevidas? Quantas tentativas de desvios e fraudes evitamos? Quantos “não” incidentes já foram evitados nos últimos 30 dias?
Não
sabemos, pois somente apontamos os erros e falhas, mas como podemos
demonstrar que os controles internos e de gestão estão sendo produtivos e
que os investimentos em equipe, treinamento, sistemas e processos estão
apresentando retorno? Falta esta consciência, afinal investir em
controles não é barato, pelo contrário, é investimento, alguns acham que
é custo, mas quando não demonstramos resultados, viram realmente custos
injustificáveis.
Lembro-me
em uma aula do professor e Dr. Sérgio de Iudícibus em meu Mestrado em
Ciências Contábeis e Atuariais na PUC, quando ele disse o seguinte: “Nós
contadores não sabemos vender o nosso serviço, pois fazemos muito mais
do que débito e crédito, mas ninguém sabe que somos parte da gestão dos
negócios”.
Esta frase me acompanha todos os dias, pois os incidentes sempre aparecem, todavia quem apresenta os “não” incidentes?
Todos os gestores e colaboradores deveriam buscar uma mudança na forma de apresentar o resultado de seus controles, entretanto muitos gestores ainda possuem a consciência de que todos nós fazemos parte dos controles internos e da validação de conformidade com as normas e procedimentos existentes.
Todos os gestores e colaboradores deveriam buscar uma mudança na forma de apresentar o resultado de seus controles, entretanto muitos gestores ainda possuem a consciência de que todos nós fazemos parte dos controles internos e da validação de conformidade com as normas e procedimentos existentes.
Pois
quem nunca ouviu a frase: “Não me venha com problemas, mas sim com
soluções”. Então chegou a hora e o momento de apresentar que muitas das
soluções funcionam e que ainda somos reféns da negligência humana para
os controles internos. Pense nisso, e faça parte da mudança de
paradigma.
*
Marcos Assi é professor e coordenador do MBA Gestão de Riscos e
Compliance da Trevisan Escola de Negócios, e autor do livro “Controles
Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na
gestão dos negócios” (Saint Paul Editora). Consultor de Governança,
Riscos Financeiros e Compliance da Daryus Consultoria.
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